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quinta-feira, 27 de março de 2008
Carlos Villela em Cruz
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quarta-feira, 26 de março de 2008
Cavalos discorrem pela afável noite
Cavalos discorrem pela afável noite
até ficar insuportável beijá-los
- com a língua beijar cavalos -
o tempo não passa nunca
o tempo chora sangue de anjo, sangue de cavalo.
Ainda não sei o que tem dentro de mim
que não passa nunca e chora
sangue de cavalo, sangue de anjo.
Eu cambaleava pela afável noite de ontem
com a sede insuportável do beijo
vadiando pelos becos escuros da Gamboa
vadiando pelas ruas estreitas
esculpidas de perturbados da Gamboa
aí eu comecei o canto esganiçado
para você me ver assim: uma muralha de dor,
uma carne tecida de flores
que vão ficando álgidas de aves marinhas.
Meu amor que não conhece apenas me pasta
neste tempo perdido no mar negro
abortando cavalos e cadelas e rezando pro anjo
vivo pastando no mar negro como peixe boi
Poema de Nelson Magalhães Filho. Reflexos de Universos N.73
Aquarela negra
Penso que para mim não há mais futuro
As coisas não acontecem aqui
E essa angústia que habita a casa
A cada dia que passa cresce mais um pouco
Não quero ficar louco
Sozinho me sinto mal
Começo a não perceber nada...
Arco-íris e seus tons no quintal
Pra mim nada mais é
Que uma aquarela negra...
Música de Ian Ferreira sobre poema de Zinaldo Velame
Galeno d'Avelírio
Cansado, exausto, eu palmilhava a estrada,
a via dolorosa, o meu calvário,
sob o peso da cruz e desolada,
minha alma ia seguindo o seu fadário
de sombras cheio,
sentindo a palpitar por sob o seio,
o coração fremente de emoções,
do mundo exterior, em mil paixões!
Orgulhoso, eu não chorava.
Sozinho e mudo, qual judeu da lenda,
eu marchava, eu marchava,
pela deserta estrada,
a esperança nutrindo de encontrar
um Cirineu algures,
que a minha cruz viesse carregar
na íngreme jornada!...
Volvendo o olhar ao céu, á imensidade
azul que me cobria,
eu implorei a Deus, em humildade,
o amor que eu carecia,
o amor sublime, da matéria alheio,
que meu ser reclamava,
um amor imenso, puro que em anseio,
errando a esmo, o coração buscava!...
Poema de Galeno d'Avelírio extraído da revista Reflexos de Universos n. 73
domingo, 23 de março de 2008
Novo parceiro - Ian Ferreira
Corpo ardendo
Feito aquela gaivota azul
Perder o rumo em tua boca
Sentir meu corpo nu
Queria coçar teus olhos
E arder nesse fogo cru
Falar aquilo do peito
Ficar sem norte e sul
Eu sou um rapaz sem destino
Se voçê quiser, moça
Faça o meu bem nordestino
E tire esse sangue da minha roupa
Que seus olhos, sua força louca
Não comeram no delírio
E lave o meu rosto grosso
Para evitar esse cheiro.
Poema de Zinaldo Velame.