sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Grandes eventos da Casa da Cultura.

NMF na peça O pesa Nervos.
Luciano Passos, Graça, Lita e Josué. (Recital).

A casa da Cultura Galeno d'Avelírio sempre produz grandes eventos. Sempre há alguma coisa para acontecer, faça uma visita.
Noites felinas ll. Nelson M. filho.

Gemendo e todo iluminado. Quem é Beatrice? Quero ir além de Ravena
Tratar dos bouquês, levado por anjos tragando as cenas secretas e entre banquetes malditos.
Ouvia a Sonata n.1 para violino e piano de Béla Bartók, lindo, enquanto suspirávamos todos devagar numa incursão noturna de gatos.
Sorrateira minha alma, só o faro da chuva nuclear sobre a América... drástica transição as quebradas aselhas dos insetos
dos peixes, um perpétuo rastejar de lagartos com língua de fogo.
Bolhas leves fazem sombras pela névoa densa e rasteira, fantasia de asada ou neblina de cogumelos. E orelhas de borboletas amamentadas por flores radiotivas
sopram a visão provocada pelo aspecto noturno dos gatos.


Nelson Magalhães Filho.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

De estrelas

Da série Mulheres - 1994. Nelson M. Filho.

Um dia
Na certa você se lembrará
que além deste quarto de dormir
Você que já sangrou de estrelas,
Que além talvez não haja pranto assim
Um dia
Eu que teci toda a tez das noites perdidas
No meio de corações, corações...
Certamente salvará seus sonhos
Não um sol,
Talvez uma paixão qualquer, um lar feliz, um passarinho.
E as madrugadas estarão aí,
Agonia desta época, o céu azul
O mar e a vontade de poeta
O coração sangrando de estrelas, de estrelas...

Nelson M. Filho.

Poema 1

Hermes Peixoto. Blusão de Couro e Brilhantina.

Poema
É o topo lânguido de um sono
É o encanecer de têmporas envelhecidas

É o encontro
É o desencontro
É a menina nua - olhos brilhantes - dedo na boca
Chupando angústias que a vida vai levar - trazer - tirar do infinito da sua alma
Poema
É bar
É bom
É som
É céu
É cio
É seu


Hermes Peixoto - 1982.
Dedicado ao pessoal do Poema Bar: Zezinho, Méa e Kaúla.

Luciano Passos, Gláucia e Ana Paula.

Gláucia, Luciano Passos, Ana Paula e Lita.
Hermetismo

O som do silêncio das vozes dos mundos
Acordou os surdos,
Enxergou os cegos e seguiram em sepulcral penitência pela noite turva sem vento.
E tateando chegaram à manhã morna sem canto piado de codorna (mataram todas) - como
Mataram os Sábias, os Juritis, os Cardeais e os Guriatans - pisaram nas rosas, cortaram as cabeças das cobras (só as venenosas) e seguiram cantando de mãos dadas, mudos, cegos, surdos
e felizes.

Luciano Passos - Outubro de 1985.

Lapso

Está tudo errado
Peguei a fantasia que não era minha
Vesti no corpo cansado
Fingi um ar de rainha
Para ver se ainda conhecia
Um novo reino cansado
Sob meus pés tremiam mil sonhos, desejos no silêncio do irreal.
Arranquei a fantasia, vesti a roupa que é minha e a razão calou-me fundo.
Fiz ao meu corpo um convite, vamos sair por aí rompendo barreiras do mundo e viver de amor - sem limites.

Gláucia Guerra de Oliveira.1982.



Porque não me avisaram
Que esse mundo é um erro
Que os gestos obedecem medidas
E que a vida tem horário?

Ana Paula Peixoto.

Cotidiano Demolido

Nelson pintando na casa da cultura Galeno d'Avelírio.


Dores douradas sem perfume
A televisão ligada fora do ar
Um livro antigo na cadeira.
Vadiagem
Cotidiano demolido
Um gato entre o oco e a imensidão.
Petulantes acácias
Torta de abacaxi semeada
Tertúlias e esmeraldas
Prometem essa dor.
Insondável bardo
Cáustico arremesso de bálsamos
Contra o muro das eras
Pilotando uma seta ingrata.

Nelson Magalhães Filho
(A cara do Fogo - poesias - 1998)

Risada

Da série Mulheres de Nelson Magalhães Filho. www.anjobaldio.blogspot.com

Andando pela rua sob a lua
Me perco em pensamentos
E em cada passo à-toa
Tua risada corta o silêncio
e eu então pergunto ao vento:
Onde andará você?
Sei que ando agitado
Pareço uma máquina
A perseguir o trem do futuro
Sobreviver é uma realidade viva
Você sabe bem o que eu quero dizer
Mas meu bem, mesmo veloz
Não paro de pensar em ti
A toda hora lembro-me da tua voz
Uma pedra, a água do mar
Um violão no colo
Canção, vocalize e um solo
Pra recitar Ferreira Gullar.
E depois escutar você me chamar
Um milhão de carinhos pra mim
Você sabe do feitiço que me leva ao delírio
Brindo tua cachaça pernambucana
Brilho da paixão alucinante me invade o corpo
E eu na rua sob a lua
Pergunto ao vento:
Onde estará você?
Preciso ouvir tua risada.

Zinaldo Velame

Pra ver durar


Ela é enjoada pra comer
Ela é cheia de frescura
Ela não fuma como eu fumo
Ela não entra em água dura
Nada de enlatado ou conserva
Só bebe chá de erva, jura!
De gordura não quer nem saber
Pra não perder o rebolado
Para o jogo de cintura não perder
Ela toma certos cuidados
Strogonof diz que estraga o bofe
Carne de porco é porcaria pura
Mocotó lhe dá colesterol
Diz que tá frita se engolir fritura
Ela só quer verdura, ela só quer verdura...
Ai como sabe dar valor a um quiabo
Ai como sabe tratar bem uma cenoura
fica babando quando vê um nabo
E cai matando na maior fissura
E como é boa descascando um pepino
Por um inhame dá vexame de luxúria
de aipim mandioca gosta que se enrosca
e numa espiga de milho ela se debulha
Ela só quer verdura, ela só quer verdura...
Entrou até para o Partido Verde
É da Agronomia e da Olericultura
E diz que a lavoura é a salvação que o Brasil procura
Para tirar a barriga da miséria e acabar com a fome
E assim o País fatura.
Ela só quer verdura, ela só quer verdura...


Letra de Marcelo Augusto Machado musicada por Zinaldo Velame, para o festival de música de Ibotirama, 1991.Um jeito malicioso para falar dos problemas do Brasil.

Mosaicos e Yolanda.

Escolhi estas palavras de Wilson Aragão para homenagear Yolanda na data do seu aniversário, 23 de Agosto.

Mosaicos
Silêncio ao cair da tarde na dor de uma rosa
que decantou poesias, bebeu emoções
que habitavam seu colo em confidências amigas
Trocando mágoas antigas por lindas canções
Me lembro os seus lábios carmins como bougainvillias
Caindo por sobre os mosaicos na rua do céu
A primavera sorriu, desenhando seus passos
E a rosa fugindo dos laços do seu menestrel
Qual mago se atreveria adivinhar os seus sonhos
Nem mesmo ferindo os acordes da sua canção
A vida da rosa é tão forte quanto a do umbuzeiro
O amor vive em cada batida do seu coração
Duas lágrimas vi nos seus olhos, são estrelas líquidas
Brilhando, descendo seu rosto, caindo no chão
E quem viver cantará sempre as canções da vida
Que embalam os amantes nas noites de solidão.

Wilson Aragão

Pretonceito

Foto: O palhaço e a Bailarina, peça interpretada por Pablo Sales.
Pretonceito
No escuro da noite
A estrela é Dalva
E na terra do rei "Cabeça Branca"
A negra baiana do acarajé
Veste renda de Oxalá
E o capoeira veste abadá de algodão
Gil e Caetano cantam Preta Pretinha
Enquanto Hermeto Pascoal
Usa óculos escuros
E na simbiose da luz com sombra
Branco é o que quero
Preto é o que desejo
Minha alma é d'água.

Pablo Sales - 2002.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Lita Passos

De onde vem o beijo plantado
Na língua indecisa e nudez plena
Pétala encarnada do desejo ágil e fluido
canto das águas que me banham
sem oscilação
p'ra ela toda canção
Lita Passos

Geysa Coelho


Geysa Coelho dando Show no palco da Casa da Cultura Galeno d'Avelírio.



Na FM Santa Cruz todo domingo das seis às oito da noite, vai ao ar o programa Bossa Cultural comandado por Geysa Coelho. Eu e o cantador Dias fomos os convidados do dia 19 de Agosto. Vale ficar na escuta desse programa, só vai ao ar música de qualidade.

A flauta

NMF na peça O pesa nervos - 2000. Casa da cultura Galeno d'Avelírio.
A flauta

Depois que Galeno d'Avelírio morreu
O pé de abacate que tinha conformação de extraordinário cessou.
O sapoti, o relógio antigo desmoronou - maquinismo inocente - das ressonâncias espirituais.
As flores e o forro, a casa n. 522 na Praça da Matriz.
O pé de chuchu aniquilou-se entre a lâmina de acaso
a cerejeira ou o Teorema de Passolini, a erva de passarinho a possuiu, carnalmente.
Hoje, a poesia do visionário persegue libélulas que pousam em minhas armadilhas
coando a transparência das manhãs de minha cidade.


Nelson Magalhães filho.
(A flor do láudano - 1996.)

Graça de Sena

Graça na peça A queda da casa de Usher - 1988. Casa da Cultura.

O fato breve e insuspeito
Deixa na sua passagem
A marca da emoção inimaginada
E a emoção
Com marca de ferro em brasa
Grava no peito
O sentimento inesperado
E o sentimento
Impregna a alma feito nódoa
Pra nunca mais sair
Um fato, uma emoção, um sentimento... ... chegam de repente
Como se fora só de passagem
E se alojam onde não foram convidados
E quando não eram desejados
Às vezes as coisas acontecem e as negamos
Relutamos em admitir sua presença...
E como dói perceber que elas ficaram.


Graça de Sena.

Fresta

Foto: Casa da cultura Galeno d'Avelírio. Painel de NMF.

Pela fresta
Vejo uma sexta apática
Não se presta
Sem a cesta farta
E se essa seta
Não in seta
a meta certa
Pela ótica prática
Destroça e desgraça a choça
Melhor é está na roça
Sem aposta
Sem atentar pra bosta
E sem ser imposta
a regra certa
Pela regra incerta
volte o filho pródigo.


Ton Flores.

jazigo perpétuo

Zinaldo e Japonês.

Aqui nessa solidão viscosa, jaz um poeta, em sua sina de correr mistérios.
Aqui, as asas da sabedoria depositaram a última gota da sua essência.
as aves da madrugada pousaram no horizonte perdido o último grito de liberdade.
aqui jaz mais um sol que se pôs.

Luís Carlos Mendes ( Japonês)

Últimas palavras do anjo diluidor

Foto:MPBNET.
Grisalho
O pensamento velho
Sobrevoa os albuns de família
E as cidades
Grisalho
O olho do espantalho
Vê as maldades do mundo e diz:
Caralho.

Chico César
CD Beleza mano - 1997.

Sempre ouço Chico César para me curar do mal que os carros de som faz. Toda vez que um sujeito abre a mala do carro na rua, é sinal que vem coisa ruim. Chico César, neles!

Amém, amém


Concha acústica, Salvador - 2005. Foto: Yolanda

Eu cheguei nessa terra
Sem saber o que fazer
Minha mãe só dizia
Filho, não vá nos esquecer
Diga logo notícias mais recentes
De entes amados ou largados
Pessoas que vivem como a gente
Na luta agitada do vai-e-vem
Faça tudo e não seja diferente
E siga em paz, amém, amém.
Eu cheguei há algum tempo
E já sei o que fazer
Pelo menos procuro
Outras coisas esquecer
Pra não ter que viver sem uma razão
E não ter que ficar senpre calado
Ou não ter que chorar de vez em quando
E não ter que tomar o bonde errado
É por isso que eu canto o dia inteiro
E passo a vida aliviado
Faça tudo e não seja diferente
E siga em paz, amém, amém.


Fagner em 1972, chegando ao Sul-Maravilha.

texto de luciano fraga - 1984

Luciano e seu filho Junior no estádio municipal Barbosão - Cruz das Almas,2007.
www.versoseperversos.blogspot.com

Toda força que toca nossa alma pelas cordas metálicas e elétricas, nos transporta para profundezas luminosas e progressivas, além dos limites da consciência e dos sentidos humanos.
Mesmo após ter assumido momentos de insônia, de seiva e sangue, pânico e horror, quando a solidão e ascenção de um Deus entregue ao pisoteio das esferas sujas e malditas, eras de silêncios rochosos, ausência de horizontes, tudo se encaminhando para o repulsivo, enquanto os vivos mostram suas chagas sobre a prata do cancro negro.
Aí antes da embriaguês no obscuro, desencadeia o feixe de luz, ao êxtase no âmago do opaco até penetrarmos na nossa mais profunda intimidade e nos encontrarmos em meio aos matizes ingênuos de reflexão do infinito e abater a loucura.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

João Pedro Velame




Nasceu no dia 20 de julho de 2007, o meu mais belo gol, meu filho João Pedro.

Bar Delírio

Bar Delírio
Casa da Cultura. Arte de Roque Moraes.

Música de qualidade

Música de qualidade

Artes plásticas

Artes plásticas
Noites felinas. Nelson Magalhães Filho.

E.C. Bahia

E.C. Bahia

Música de qualidade

Música de qualidade
Zinaldo e o poeta Giordano Diniz.

Música de qualidade

Música de qualidade
Hermes Peixoto e Zinaldo. O poema Segredos de amor de Hermes foi musicado por Zinaldo e Ian Ferreira em 2008.