sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Gemendo e todo iluminado. Quem é Beatrice? Quero ir além de Ravena
Tratar dos bouquês, levado por anjos tragando as cenas secretas e entre banquetes malditos.
Ouvia a Sonata n.1 para violino e piano de Béla Bartók, lindo, enquanto suspirávamos todos devagar numa incursão noturna de gatos.
Sorrateira minha alma, só o faro da chuva nuclear sobre a América... drástica transição as quebradas aselhas dos insetos
dos peixes, um perpétuo rastejar de lagartos com língua de fogo.
Bolhas leves fazem sombras pela névoa densa e rasteira, fantasia de asada ou neblina de cogumelos. E orelhas de borboletas amamentadas por flores radiotivas
sopram a visão provocada pelo aspecto noturno dos gatos.
Nelson Magalhães Filho.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
De estrelas
Um dia
Na certa você se lembrará
que além deste quarto de dormir
Você que já sangrou de estrelas,
Que além talvez não haja pranto assim
Um dia
Eu que teci toda a tez das noites perdidas
No meio de corações, corações...
Certamente salvará seus sonhos
Não um sol,
Talvez uma paixão qualquer, um lar feliz, um passarinho.
E as madrugadas estarão aí,
Agonia desta época, o céu azul
O mar e a vontade de poeta
O coração sangrando de estrelas, de estrelas...
Nelson M. Filho.
Poema 1
Poema
É o topo lânguido de um sono
É o encanecer de têmporas envelhecidas
É o encontro
É o desencontro
É a menina nua - olhos brilhantes - dedo na boca
Chupando angústias que a vida vai levar - trazer - tirar do infinito da sua alma
Poema
É bar
É bom
É som
É céu
É cio
É seu
Hermes Peixoto - 1982.
Dedicado ao pessoal do Poema Bar: Zezinho, Méa e Kaúla.
Luciano Passos, Gláucia e Ana Paula.

Hermetismo
O som do silêncio das vozes dos mundos
Acordou os surdos,
Enxergou os cegos e seguiram em sepulcral penitência pela noite turva sem vento.
E tateando chegaram à manhã morna sem canto piado de codorna (mataram todas) - como
Mataram os Sábias, os Juritis, os Cardeais e os Guriatans - pisaram nas rosas, cortaram as cabeças das cobras (só as venenosas) e seguiram cantando de mãos dadas, mudos, cegos, surdos
e felizes.
Luciano Passos - Outubro de 1985.
Lapso
Está tudo errado
Peguei a fantasia que não era minha
Vesti no corpo cansado
Fingi um ar de rainha
Para ver se ainda conhecia
Um novo reino cansado
Sob meus pés tremiam mil sonhos, desejos no silêncio do irreal.
Arranquei a fantasia, vesti a roupa que é minha e a razão calou-me fundo.
Fiz ao meu corpo um convite, vamos sair por aí rompendo barreiras do mundo e viver de amor - sem limites.
Gláucia Guerra de Oliveira.1982.
Porque não me avisaram
Que esse mundo é um erro
Que os gestos obedecem medidas
E que a vida tem horário?
Ana Paula Peixoto.
Cotidiano Demolido
Dores douradas sem perfume
A televisão ligada fora do ar
Um livro antigo na cadeira.
Vadiagem
Cotidiano demolido
Um gato entre o oco e a imensidão.
Petulantes acácias
Torta de abacaxi semeada
Tertúlias e esmeraldas
Prometem essa dor.
Insondável bardo
Cáustico arremesso de bálsamos
Contra o muro das eras
Pilotando uma seta ingrata.
Nelson Magalhães Filho
(A cara do Fogo - poesias - 1998)
A televisão ligada fora do ar
Um livro antigo na cadeira.
Vadiagem
Cotidiano demolido
Um gato entre o oco e a imensidão.
Petulantes acácias
Torta de abacaxi semeada
Tertúlias e esmeraldas
Prometem essa dor.
Insondável bardo
Cáustico arremesso de bálsamos
Contra o muro das eras
Pilotando uma seta ingrata.
Nelson Magalhães Filho
(A cara do Fogo - poesias - 1998)
Risada

Andando pela rua sob a lua
Me perco em pensamentos
E em cada passo à-toa
Tua risada corta o silêncio
e eu então pergunto ao vento:
Onde andará você?
Sei que ando agitado
Pareço uma máquina
A perseguir o trem do futuro
Sobreviver é uma realidade viva
Você sabe bem o que eu quero dizer
Mas meu bem, mesmo veloz
Não paro de pensar em ti
A toda hora lembro-me da tua voz
Uma pedra, a água do mar
Um violão no colo
Canção, vocalize e um solo
Pra recitar Ferreira Gullar.
E depois escutar você me chamar
Um milhão de carinhos pra mim
Você sabe do feitiço que me leva ao delírio
Brindo tua cachaça pernambucana
Brilho da paixão alucinante me invade o corpo
E eu na rua sob a lua
Pergunto ao vento:
Onde estará você?
Preciso ouvir tua risada.
Zinaldo Velame
Assinar:
Postagens (Atom)
Bar Delírio

Casa da Cultura. Arte de Roque Moraes.
Música de qualidade

Artes plásticas

Noites felinas. Nelson Magalhães Filho.
E.C. Bahia

Música de qualidade

Zinaldo e o poeta Giordano Diniz.
Música de qualidade

Hermes Peixoto e Zinaldo. O poema Segredos de amor de Hermes foi musicado por Zinaldo e Ian Ferreira em 2008.