quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Visão do medo



Do lado de fora:
Osíris queima o solo
onde Deus pasta.
Do lado de dentro:
Cristaleiras duplicam-se,
a estante de cedro
desfalece ao chão... Descontrole...
No uísque, mais um Valium.
Do lado de dentro de dentro:
Os demônios arrefecem,
sangue esfria,
pulso silencia,
e versos hitéricos suplicam
me afastar de mim.

Poema de Pablo Sales.



Quando terminar esse caldo
Todas as cores se repartirão
E sentirás o gosto do real
E em tuas formas, dominarás
E enviarás através de ti
E receberei em meu ser
E as formas se revelarão
Conscientizando o todo.

Palavras de Beto Rebelde.

Os azuis de Saulo


Teus azuis abrem as janelas
das praias de Itapoã,
aonde mergulhas afoito de vermelhos
brilhantes e foscos
O fogo ardendo em águas
tudo é possível em teus quadros
Em cada porão antigo
e cada castanho quadrado,
O Sol reacende as sementes
e ilumina os espinhos
- os espinhos são verdes, amáveis...
Do inconsciente obscura
à claridade das telas
a pintura se espanta
da lucidez do traço
Se deliras és bruma
se transgrides, és raro.

Poema de Patrícia Mendes. Revista Reflexos de Universos n.59.

Um brinde ao Mal

Arte de Nelson Magalhães Filho. Capa da revista reflexos n. 61. http://www.anjobaldio.blogspot.com/

Beijos amanhecidos
Crescidos e umedecidos até a noite
Cálices tras-inter-medidos e doses
Transbordantes doses de dores
abortos e sóis
A chuva cai em brasas verdes e fogos
invisíveis, encobrem os mundos
Você chora pedaços de chão
Envolto em cinzas azuis eu,
impregnado, aspiro o fumo dos infernos
Rindo.

www.ronaldobragas.blogspot.com
Poema de Ronaldo Braga dedicado à Patrícia Mendes, publicado na Revista Reflexos de Universos n. 61

Agonia

Agonia

Já desponta a galope
no meu norte
a luz ofuscante do nada
Já contorce em espasmos instintivos
as vísceras de minh'alma
Já meu corpo se agarra
como náufrago
a algum destroço que passa
Já retumba no meu peito
o trote estrondoso desse Deus
Já, sou toda agonia
e ardo, ar, dor.

Medo

Entre um osso e outro, um cadeado
A cabeça é uma máscara de ferro
Pelas brechas a alma espia, atormentada.

Poemas de Denise Costa extraídos do livro A flor do láudano, 1996, Nelson M. Filho e Denise Costa.

A cara do fogo


Ontem à noite, numa ânsia louca,
comi algumas hortências, antes
de lançar-me em navios de vômitos.
A noite era desértica
e seus cabelos, longínquos.
Na noite crisálida
os besouros não eram negros.


Essa mesma noite
de chuva minha irmã de signo
presa num bizarro triangulo

Diário utópico escrito nas noites de lua
Velásquez e a Vénus
do espelho
e essa dor?
vago nessas ruas escuras
e mais uma vez
sinto renascer os pirilampos
daqueles tempos em que eu
nem existia.

Poemas de Nelson Magalhães Filho publicados no Livro A cara do fogo, 1998.

domingo, 7 de setembro de 2008

O último gole do dia

Luciano Passos.

No bar da esquina
A tarde bebe seu último gole de luz
A tarde parte carregando a sua cruz
E esquece a nuvem sobre a mesa
Mas guarda o sol na garrafa de cerveja.



Poema de LP musicado por Zinaldo Velame numa mesa de bar em uma noite vampira. Uma pequena homenagem ao poeta de muitas noites vampiras.

Pandeiro


Quando vires pela fresta da janela
Eu compondo uma nova canção
Saiba meu bem que nela tem as mãos
Do imenso amor que dedico a ti,

Paixão
Saiba que o meu coração
Vai aonde você for.
Eu me sinto rico
Um sujeito abençoado
Pois tendo você ao meu lado
Me mostro um céu iluminado com milhões de estrelas...
É bom amar você
E curtir teu olhar matreiro
E falar pro mundo inteiro
Que você faz enaltecer o som do meu pandeiro
E por falar nesse amor
Tome abraços, tome xotes de paixão
Se não vem, eu vou
Levo uma rede pra ninar teu coração
Levo também o gosto
De um chamego e um cheiro carinhoso
Faço de tudo para não te perder
Se eu tropeçar tomara que seja em você.

Música de Fernando Gallotti e Zinaldo Velame. Fernando foi o grande vencedor do Festival de música Junina da Casa da Cultura Galeno d'Avelírio, 2008. Pandeiro foi nossa primeira parceria, depois vieram as outras, Frenesí e Ela me faz delirar. Vida longa para Fernandinho!

Corpo ardendo


Queria voar no teu céu
Feito aquela gaivota azul
Perder o rumo em tua boca
Sentir meu corpo nu
Queria coçar teus olhos
E arder nesse fogo cru
Falar aquilo do peito
Ficar sem norte e sul
Eu sou um rapaz sem destino
Se voçê quiser, moça
Faça o meu bem nordestino
E tire esse sangue da minha roupa
Que seus olhos, sua força louca
Não comeram no delírio
E lave o meu rosto grosso
Para evitar esse cheiro.

Poema de Zinaldo Velame.

Bêbada de mim


Um violão mágico
Uma fogueira acesa
Que beleza é estar te olhando de novo
Longe da cidade
Longe do medo
Do receio de se entregar na areia branca
Do receio de se imaginar fazendo amor
Na lua cheia
Nada nesse mundo é tão bonito
Que teu sorriso
Quando estás bêbada de mim.


De: Zinaldo Velame, 1996.

Bar Delírio

Bar Delírio
Casa da Cultura. Arte de Roque Moraes.

Música de qualidade

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Artes plásticas

Artes plásticas
Noites felinas. Nelson Magalhães Filho.

E.C. Bahia

E.C. Bahia

Música de qualidade

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Zinaldo e o poeta Giordano Diniz.

Música de qualidade

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Hermes Peixoto e Zinaldo. O poema Segredos de amor de Hermes foi musicado por Zinaldo e Ian Ferreira em 2008.